Projeto ParaSurdoVer

Em março de 2020, fomos atingidos pela pandemia do Coronavírus. Desde então, muitas recomendações foram dadas pelo Ministério da Saúde, a exemplo da Organização Mundial da Saúde (OMS), como o uso de máscaras. Os EPIs, como são conhecidos, antes utilizados somente por profissionais da saúde, passaram então a ser utilizados por todos ao sair de casa. Desse modo, o uso obrigatório de máscaras convencionais impossibilitaram a visualização da boca, o que consequentemente impede a leitura labial assim como a conversação através de sinais, resultando em um isolamento ainda maior para as pessoas surdas assim como uma dificuldade na comunicação.

Diante disso, junto com a minha mãe Rosângela e minha irmã Eduarda, que também é deficiente auditiva, criamos com recursos próprios, o projeto piloto ParaSurdoVer, que tem como objetivo promover a doação de máscaras inclusivas em estabelecimentos públicos e rede de comércio de produtos essenciais, na cidade de Campo do Jordão-SP. Para possibilitar uma melhor intercomunicação para a população surda.

Por meio de máscaras inclusivas, as quais permitem a visualização da boca, possibilitando a leitura labial assim como um melhor diálogo através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A princípio foram doadas máscaras inclusivas confeccionadas juntamente com um roteiro de proteção. O processo de desenvolvimento do projeto, além de promover a acessibilidade tem também como objetivo fazer com que a causa da representatividade social dessa minoria ganhe visibilidade na sociedade.

  • Qual o impacto das máscaras para os deficientes auditivos?

O Decreto Federal 5.296/2004 estabelece que a deficiência auditiva é a perda bilateral de 41 decibéis (dB) ou mais nas frequências de: 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz, o que é verificado por meio de uma audiometria. Dessa maneira, à medida que aumenta a perda de audição, as pessoas começam a utilizarem os olhos para complementarem, fazendo a denominada leitura labial. Porém, essa não se restringe em ler apenas os lábios, ela abrange a observação de todas as expressões faciais da pessoa quem está falando.

Entretanto, as máscaras utilizadas para proteção, durante a pandemia do Coronavírus, acabam dificultando a comunicação entre os deficientes auditivos, pois essa obstrui a região da boca e, consequentemente, impede a leitura labial, assim como a visualização de expressões faciais. Além disso, as máscaras convencionais não só retiram o direito da população de deficiente auditivos de se comunicarem, como promove um isolamento ainda maior dessa minoria, pois não há acessibilidade no mundo afora, quando estes necessitam sair para realizarem atividades essenciais.

  • O que são máscaras inclusivas?

 De acordo com as recomendações da ANVISA, para a confecção de máscaras faciais não profissionais, pode ser utilizado tecido não sintético, desde que o fabricante garanta que esse não cause alergia, e seja adequado para o uso humano.  

 As máscaras inclusivas, além de serem confeccionadas com as recomendações de máscaras caseiras de uso não profissional, possuem um visor na região da boca, o qual é de material plástico que serve como uma barreira, e portanto, permitem tanto uma leitura labial quanto uma visualização de expressões faciais.

  • Qual a finalidade do projeto?

O projeto ParaSurdoVer tem como objetivo promover a doação de máscaras inclusivas para os atendentes e funcionários de estabelecimentos que lidam com a população, com o objetivo de atingir os deficientes auditivos, permitindo a eles uma melhor intercomunicação e acessibilidade, consequentemente, promovendo a inclusão social.

Além disso, minimizar o isolamento dos surdos frente à sociedade, facilitando a comunicação diante de suas necessidades, ajuda a levar às pessoas a conscientização no que se refere às dificuldades dos deficientes auditivos nesse momento de pandemia.  

  • Quem somos? 

Rosangela Mangabeira Malheiros, enfermeira graduada pela Universidade Federal do Pará e especialista em enfermagem pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com atuação em terapia intensiva pediátrica. Tornando-se mãe de duas meninas, Gabriela Mangabeira Malheiros, a qual apresentou surdez bilateral com oito anos de idade, e Maria Eduarda Mangabeira Malheiros, que apresentou surdez bilateral aos sete anos de idade. Ambas fazem uso de AASI (aparelho de amplificação sonora individual) com a reabilitação auditiva.

  • O que levou à criação do projeto?

Tendo em vista as dificuldades de suas filhas, ao se comunicarem em locais públicos durante a pandemia, surgiu a ideia de ajudar as pessoas que se encontram em situação similar. Nesse contexto, juntas, promovendo o voluntariado, iniciaram o projeto ParaSurdoVer, o qual promove a doação das máscaras inclusivas em estabelecimentos que atendem primeiras necessidades.

  • Como ocorreu o financiamento das máscaras?

O projeto foi realizado com recursos próprios, sem fins lucrativos. Teve início com a compra de máscaras com visor de uso não profissional, confeccionadas por pessoas moradoras da cidade.

  • O que procuramos? 

Procuramos parceiros que possam aderir ao projeto com doações de recursos para a confecção dessas máscaras, para que possamos atingir um público maior.      

Doação de Máscaras Inclusivas
Gabriela Malheiros, sua mãe Rosangela e sua irmã Maria Eduarda
Doação de Máscaras Inclusivas

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