Idosos que apresentam perda auditiva constatada pelo otorrinolaringologista, e confirmada pelos limiares audiométricos realizados pela fonoaudióloga, podem ser candidatos à reabilitação auditiva com aparelho auditivo.
O aparelho auditivo é uma prótese com amplificador de som individual, o que quer dizer que ele é programado para cada indivíduo e cada orelha, de acordo com os limiares auditivos detectados pela audiometria, e sua adaptação é única.
A reabilitação auditiva vai além da indicação do aparelho auditivo, passando pela seleção do modelo que atende cada indivíduo, confecção dos moldes (o aparelho poderá ser intracanal ou retroauricular), se unilateral ou bilateral, é preciso avaliar a sua adaptação e é neste momento que se define o sucesso, que é a aquisição e o uso com ganho na qualidade de vida. Para isso é necessário um acompanhamento bem especializado com um profissional que identifique e entenda a necessidade de cada idoso, suas expectativas até para definir que tipo de recursos deve-se indicar para cada indivíduo.
Quanto mais precoce identificarmos a perda auditiva no idoso e propor seu tratamento, melhor a possibilidade de reabilitar. Sabemos que o nosso cérebro, ao longo da vida, cria uma memória auditiva de todos os tipos de sons e, com a diminuição da audição, ele começa a ter privação das informações auditivas de forma completa e alguns sons passam a ser esquecidos e consequentemente, o idoso começa a ter dificuldade em compreender as pessoas (queixa principal: escuto, mas não entendo).
Para uma boa adaptação, não basta o indivíduo ter poder aquisitivo para adquiri-los, ele tem que estar motivado para adquiri-los e usá-los, ter condições para colocá-los (sem tremores, sem déficits na elevação do ombro, habilidade manual, sem déficit cognitivo que o impeça de lembrar…), porque aquele indivíduo que depende de outras pessoas para pô-los muitas vezes poderão desistir do uso, temos que considerar o aparelho auditivo um ganho a mais na autonomia do idoso.
Com o uso do aparelho auditivo, os sons serão reaprendidos pelo nosso cérebro, as vias auditivas serão reativadas, e isto pode demorar alguns meses para se adaptar a todos estes estímulos sonoros e restaurar a audibilidade dos sinais da fala. Em alguns casos, quando a via auditiva está muito prejudicada é necessário fazer um treinamento auditivo, ativando a neuroplasticidade cerebral para melhorar as habilidades auditivas do idoso e ajudar o cérebro a interpretar melhor estes sons. Estas habilidades auditivas são aquelas responsáveis, por exemplo, por localizar e memorizar os sons, discriminar sons agudos e graves, curtos e longos, compreender a fala em ambientes ruidosos, entre outros.
O treinamento auditivo consiste em vários exercícios auditivos que irão trabalhar todas as habilidades auditivas alteradas, assim melhorando a compreensão da fala em todas as situações. E quando a privação auditiva se deu à longo prazo isto se tornará mais difícil, e muitas vezes compromete o resultado final, que é a expectativa de ganho auditivo com o uso do aparelho auditivo e será um fator a mais para desmotivá-lo, para que isto não ocorra o fonoaudiólogo avaliará o real benefício da indicação.
Uma vez adquirido e adaptado o aparelho auditivo, o idoso, a família e /ou cuidadores receberão orientações da necessidade de acompanhamento médico e fonoaudiológico, visitas técnicas para troca de bateria e limpeza do aparelho, visitas periódicas ao otorrinolaringologista para limpeza do meato acústico externo, e reforço da necessidade de reabilitação.
Não podemos deixar de comentar que existem políticas públicas que visam atender a população menos privilegiada quanto a adaptação de aparelho auditivo.


