As medidas de avaliação objetiva do implante coclear têm por finalidade:
- Avaliar a integridade e o funcionamento do dispositivo interno;
- Obter a resposta do nervo auditivo e/ou da via auditiva frente estimulação elétrica;
- Auxiliar na programação/mapeamento do processador de fala.
Testes usados na rotina clínica:
- Telemetria de Impedância;
- Potencial de ação composto eletricamente evocado do nervo auditivo;
- Reflexo elétrico;
- BERA elétrico;
TELEMETRIA DE IMPEDÂNCIA DOS ELETRODOS
OBJETIVO:
- Avaliar o estado da interface do eletrodo nos tecidos;
- Confirmar o funcionamento adequado do receptor e do estimulador;
- Verificar a existência de circuito aberto ou curto-circuito nos eletrodos intracocleares a partir da medida da voltagem deles.
RESULTADOS:
- Pode sugerir alteração do tecido circundante e/ou alteração na função do eletrodo;
- Alterações iniciais podem ser esperadas devido a mudanças físicas na interface tecido-eletrodo.
POTENCIAL DE AÇÃO COMPOSTO ELETRICAMENTE EVOCADO DO NERVO AUDITIVO – ECAP (EVOKED COMPOUND ACTION POTENTIAL)
OBJETIVO:
- O sistema aplica um pulso elétrico em um determinado eletrodo intracoclear e a resposta neural evocada é gravada em um eletrodo adjacente.
RESULTADOS:
- Resposta neural válida e gravações robustas;
- As respostas são registradas e retornam para o sistema de interface de programação para análise clínica;
- Gravada de forma fácil, rápida e não invasiva;
- Proporciona uma medida relativamente direta da resposta do nervo auditivo frente à estimulação elétrica;
- A onda do ECAP normalmente consiste em um pico negativo inicial seguido por um pico positivo, rotulado N1 e P1. Latências dos picos no ECAP:
- 0,2 a 0,5μs para N1;
- 0,5 a 1,0μs para P1;
- No estudo de Lai & Dillier (2000), foi a Morfologia do Pico P1 e N1 foi dividida em duas categorias. Pico único positivo (categoria I) e Pico duplo positivo (categoria II). Respostas da categoria I são classificadas em três subcategorias Ia, Ib e Ic
- Categoria I:
- Ia – Pico negativo distinto (N1) seguido claramente por um pico positivo (P1) de menor amplitude;
- Pico N1 – 300- 400μs;
- Pico P1 em torno de 600-700μs;
- Ib – pico N1 não é visível;
- Respostas das categorias Ia e Ib juntas representam 82,2% das formas de onda obtidas;
- Ic – não há pico P1 claro e visível, embora a trajetória do pico negativo é presente (com ou sem um pico N1 visível);
- Respostas foram menos comuns (8,3%) do que as duas primeiras categorias de respostas.
- Categoria II
- Formas de onda exibem dois picos distintos positivos, P1 e P2;
- Ocorre após o pico negativo (N1);
- Pico N1, muitas vezes não é visível nestas respostas;
- Pico (P1) 400 500μs;
- Pico P2 por volta de 600-700μs;
- Categoria II relativamente raras (9,5%).

BERA ELÉTRICO – EABR (ELECTRICALLY EVOKED BRAINSTEM RESPONSE)
OBJETIVO:
- Avaliar o nervo auditivo frente ao estímulo elétrico;
- Obter a resposta do tronco cerebral auditivo evocada eletricamente.
RESUTADOS:
- Reflete a atividade do nervo como respostas ascendentes dos núcleos no tronco cerebral inferior;
- Usado clinicamente e em pesquisas;
- Influência do artefato do estímulo + artefato elétrico;
- ECAP – amplitudes tipicamente 100μV ou maior;
- EABR – amplitude na faixa de 1-2μV.
REFLEXO ELÉTRICO – ESRT (EVOKED STAPEDIAL REFLEX THRESHOLD)
OBJETIVO:
- Utilizar o nível mínimo de estimulação elétrica capaz de eliciar a contração do músculo estapédio.
RESULTADOS:
- Pode ser realizado de forma ipsilateral ou contralateral ao implante coclear;
- Requer cooperação passiva;
- A orelha média precisa estar saudável (sem presença de otites) para a realização;
- Pode ser observado entre 65 a 80% da população;
- Mapas com ESRT:
- Níveis de estimulação com níveis mais reais;
- Maior conforto na programação;
- Balanceamento da loudness;
- Evita superestimar os níveis máximos.

Glossário:
- EABR : Resposta do tronco cerebral auditivo evocada eletricamente
- ECAP: Potencial de ação composto eletricamente evocado
- N1: Pico negativo da onda
- P1, P2: Picos positivos das ondas
- μ: Milisegundos
- μV: Milivolts
- ESRT: Evoked stapedial reflex threshold
Bibliografia:
- Hughes ML, Vander WKR, Brown CJ, Abbas PJ, Kelsay DM, Teagle HF et al. A longitudinal study of electrode impedance, the electrically evoked compound action potential, and behavioral measures in nucleus 24 cochlear implant users. Ear Hear. 2001;22(6):471-86.
- Abbas PJ, Brown CJ, Shallop JK, Firszt JB, Hughes ML, Hong SH et al. Summary of results using the Nucleus CI24M implant to record the electrically evoked compound action potential. Ear Hear. 1999; 20:45-59.
- Brown CJ, Abbas PJ, Gantz BJ. Preliminary experience with neural response telemetry in the nucleus CI24M cochlear implant. Am J Otol 1998;19(3):320-7.
- Lai WK, Dillier N. A Simple Two-Component Model of the Electrically Evoked Compound Action Potential in the Human Cochlea. Audiol Neurootol. 2000;5:333-45.
- Miller CA, Brown CJ, Abbas PJ, Chi SL. The clinical application of potentials evoked from the peripheral auditory system. Hear Res. 2008;242:184-97.