A deficiência auditiva é uma alteração sensorial que acomete cerca de 466 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que deste total, 34 milhões são crianças (OMS, 2020). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) esse número só tende a aumentar. Estima-se que em 2050, mais de 900 milhões de pessoas terá deficiência auditiva.
A privação sensorial traz inúmeras dificuldades para o desenvolvimento da criança e para as atividades cotidianas de pessoas adultas, uma vez que sua comunicação com o meio se torna prejudicada.
Deficiência auditiva na Infância
Quando a deficiência auditiva é descoberta ao nascimento ou surge de forma progressiva no período crítico para o desenvolvimento da linguagem oral, a criança tem um comprometimento devastador na aquisição da linguagem, que consequentemente, compromete todo o seu desenvolvimento global e sua qualidade de vida (Costa, Bevilacqua e Tabanez, 2006). Dessa forma, faz-se necessário iniciar o mais rápido possível o processo de reabilitação auditiva, por meio do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) ou implante coclear (IC).
Mas será que é só colocar o AASI ou IC que tudo ficará bem e a criança irá se desenvolver? Infelizmente não! Há um longo processo pela frente, pois essa criança precisará de sessões de reabilitação auditiva aurioral.
Reabilitação Auditiva Aurioral
A reabilitação auditiva aurioral é realizada pelo fonoaudiólogo e é fundamental para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem oral da criança.
Habilidades auditivas |
Detecção: Habilidade de detectar ou perceber a presença ou ausência de som |
Discriminação auditiva: Habilidade de discriminar dois ou mais estímulos sonoros e distinguir se são iguais ou diferentes |
Reconhecimento auditivo: Habilidade que permite a criança identificar, classificar e nomear o som que ouviu |
Compreensão auditiva: Habilidade que permite a criança compreender o significado da linguagem durante um discurso |
A audição é a principal via para a aquisição da linguagem, Portanto, somente com o desenvolvimento das habilidades auditivas é que a criança conseguirá perceber a fala de forma satisfatória.
Segundo Comerlatto (2015), além da criança precisar de uma estimulação auditiva adequada, a terapia fonoaudiológica também é muito importante para que ocorra a organização das vias auditivas. Assim, a criança aprenderá a construir sua linguagem a partir dos sons percebidos. Importante lembrar que o processo terapêutico deve ser construído com a participação da família.
Os resultados da reabilitação auditiva podem ser influenciados por diversos fatores, como a etiologia da perda auditiva, o tempo de privação sensorial, a idade do diagnóstico e inicio da reabilitação, o tempo de uso do IC ou AASI diariamente, o comprometimento da família frente à terapia, etc. Mas esses não são motivos para desanimar ou desistir.
É imprescindível que durante o processo de (ha) reabilitação o fonoaudiólogo faça um monitoramento da audição e da linguagem em diferentes contextos, a fim de verificar se o desenvolvimento encontra-se aquém ou dentro do esperado.
O fonoaudiólogo e a família devem estar alinhados e empenhados em fazer o melhor para que a criança de desenvolva. Só assim haverá sucesso no processo de (ha) reabilitação auditiva.
