Doenças da Orelha Externa

O conduto auditivo externo pode ser considerado um ambiente propício a infecções. Haja vista a presença de calor, umidade e descamação de pele neste ambiente. Existem bactérias que povoam nosso canal auditivo externo e são protetoras. São elas: Staphylococcus epidermidis  e Corynebacterium sp.

Outro componente altamente protetor presente na orelha externa é o cerume. Embora muitas pessoas não saibam, o cerume tem ação fungistática e bacteriostática. Isso é, previne a proliferação de fungos e bactérias além de prevenir a entrada de água por ser oleoso. 

Os fatores que mais causam Otites Externas são: limpeza excessiva de cerume, trauma, corpo estranho, atividades aquáticas, altas temperaturas e umidade.

Ao contrário do que parece, nem todas as Otites Externas são iguais. Há alguns tipos. A mais comum é a Otite Externa Difusa aguda. Aquela conhecida “otite de praia/piscina”. 90% dos casos são unilaterais, causa dor intensa, secreção, sensibilidade aumentada ao manipular o pavilhão, prurido (coceira) e diminuição da audição. É tratada com cuidado e higiene local (proteção, não realizar atividades aquáticas) e gota otológica (antibióticos associada ou não a corticoide/anestésico).

Existe também, a Otite Externa Aguda localizada. É um pequeno abcesso do canal auditivo externo. É muito menos frequente e acomete o terço mais externo do conduto auditivo. É secundária à obstrução de folículos pilosos. A dor de ouvido também é intensa e mais localizada. O tratamento também se baseia em gotas de antibióticos e analgesia. Em alguns casos é necessária a drenagem (sob anestesia local), do abcesso.

As doenças da orelha externa podem nos surpreender em dois aspectos: podem sim ser crônicas e podem ser graves. Em relação à primeira situação, falamos sobre a Otite Externa Crônica. Caracterizada por inflamação e infecção persistente do canal, por mais de 3 meses. Estes pacientes classicamente se queixam de prurido de longa data em seus ouvidos. O tratamento se baseia em limpeza local e gota otológica (com corticosteróide ou ceratolítico. Sem Antibióticos).

Em relação à segunda situação, temos a temida Otite Externa Necrotizante. É uma infecção grave, progressiva e potencialmente letal. Acomete o conduto auditivo externo e os tecidos circunjacentes a ele, bem como a base do crânio e nervos cranianos. Apesar do advento tecnológico em tratamento observado nos últimos anos, a doença permanece tendo morbidade e mortalidade elevadas. O envelhecimento da população global, o aumento substancial na prevalência da Diabetes Mellitus e o surgimento de bactérias resistentes são os principais fatores que explicam esta aparente contradição. O Diabetes mellitus é o principal fator de risco, estando presente em 82,1% dos casos.

A apresentação clínica típica se inicia com um quadro semelhante à otite externa difusa aguda. Tal quadro pode retardar o diagnóstico correto e o início do tratamento adequado por ser confundido com uma doença menos grave. Porém, na persistência de otalgia lancinante, pior à noite, refratária a analgésicos e à antibioticoterapia tópica, deve-se aventar a hipótese de Otite Externa Necrotizante. Principalmente se for acometido um paciente idoso, diabético e/ou imunodeprimido.  

O tratamento se baseia em antibioticoterapia agressiva e prolongada, em regime hospitalar, intravenosa, controle rígido das comorbidades – principalmente diabetes mellitus – e limpeza frequente do ouvido. Raros são casos leves nos quais é possível tratar com antibiótico via oral  É indicado acompanhamento por pelo menos 1 ano dos pacientes após a suspensão da antibioticoterapia.

Depois de conhecer as doenças mais comuns da Orelha Externa, você se identificou com alguma? Mantenha sempre os cuidados e evite remover sozinho o seu cerume que é tão importante. Se você apresenta algum destes sintomas, procure o Médico Otorrinolaringologista para fazer seu diagnóstico e traçar com você o seu plano de tratamento!

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