O que é perda auditiva leve:
A perda auditiva leve é quando o indivíduo tem os seus limiares do exame de audiometria entre 26 a 40 dB nível de audição (Lloyd e Kaplan, 1978).
Alguns sintomas que começam a aparecer quando se tem perda auditiva leve são:
- Dificuldade em captar os sons mais fracos e distantes;
- Dificuldade em ouvir alguém que fala mais baixo;
- Dificuldade para acompanhar uma conversa com as pessoas mais distantes;
- Dificuldade em entender a fala em locais barulhentos;
- Começa a solicitar que as pessoas repitam o que falaram;
- Começa a aumentar o volume da televisão;
- Dificuldade em ouvir ao telefone.
Consequências da perda auditiva:
A perda auditiva pode afetar a vida de várias formas e quando não é tratada corretamente pode ter consequências negativas tanto na saúde física quanto na saúde mental dos indivíduos. Algumas consequências são: cansaço, tensão muscular, dor de cabeça, isolamento social, depressão, aumento do risco de demências, aumento do risco de quedas e maior risco de hospitalizações.
O nosso cérebro torna-se menor com o avançar da idade, este atrofiamento parece acelerar nos adultos com perda auditiva não tratada. Um estudo realizado nos Estados Unidos, mostrou que pessoas que têm algum grau de perda auditiva perdem um adicional de um centímetro cúbico de tecido cerebral a cada ano, em comparação com as pessoas com audição normal. Percebe-se então um atrofiamento nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons e pela fala e isto é uma consequência da falta de estimulação correta do córtex cerebral auditivo.
Outra descoberta importante é que ocorre uma reorganização cerebral quando há alguma alteração na nossa audição, mesmo esta alteração sendo uma perda auditiva leve. Pesquisas foram realizadas através de escaneamento cerebral de pessoas com perda auditiva leve e estas mostraram que mesmo após somente três meses com perda auditiva, o cérebro começa a se reorganizar e a visão e o tato começam a se destacar. Durante esta reorganização, quanto mais a compreensão da fala piora, mais os outros sentidos predominam. (Campbell e Sharma, 2016).
Quando as pessoas com perda auditiva precisam ouvir, a parte do lobo frontal do cérebro onde encontra-se a área da atenção e concentração se ativa. Então mesmo indivíduos com perda auditiva leve precisam fazer grande esforço para ouvir pois ficam constantemente atentos e concentrados. Ocorre uma constante carga cognitiva e assim as pessoas ficam muito cansadas (Campbell e Sharma, 2014).
Importância do tratamento com aparelho auditivo:
A importância de se usar aparelhos auditivos a partir do aparecimento de uma perda auditiva leve está relacionada primeiramente com a volta da audição em sua plenitude. Auxiliando assim em diversas questões como:
- Melhor estimulação do cognitivo;
- Melhor interação social;
- Aumento da autoconfiança;
- Melhor nível de concentração;
- Menor sensação de cansaço;
- Maior sensação de independência entre outras
Alguns estudos têm mostrado que o uso de aparelhos auditivos durante 30 dias já pode modificar o cérebro e assegurar uma audição normal para o indivíduo. Mas para isso temos que levar em consideração se os aparelhos estão bem adaptados e se o uso deles é constante (Sharma e Glick, 2016).
Porém muitas vezes as pessoas com perda auditiva leve demoram a procurar ajuda, seja por vergonha ou por acharem que ainda não precisam de tratamento pois as dificuldades ainda não estão muito evidentes. Contudo, sabe-se que quanto mais cedo a perda auditiva for tratada melhor será sua evolução e poderemos evitar a piora na capacidade auditiva e suas consequências. O ideal é que o tratamento com os aparelhos auditivos ocorra antes que a reorganização cerebral comece.
No caso da perda auditiva nas crianças, o problema é ainda mais grave. Elas podem ter o aprendizado da fala e da linguagem seriamente comprometido caso tenham uma dificuldade na audição que não seja devidamente tratada.
Portanto fica evidente a importância do tratamento da perda auditiva assim que ela seja descoberta mesmo sendo uma perda auditiva leve, buscando-se sempre uma melhor qualidade de vida.

Refefências Bibliográficas:
CAMPBELL, J; SHARMA, A. Compensatory changes in cortical resource allocation in adults with hearing loss. National Center for Biotechnology Information, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3905471/. Acessado em 13 de setembro de 2021.
CAMPBELL, J; SHARMA, A. Cross-Modal Re-Organization in Adults with Early Stage Hearing Loss. National Center for Biotechnology Information, 2014. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3938766/. Acessado em 13 de setembro de 2021.
LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. Baltimore: University Park Press. 1978.
Múltiplas consequênicas de perda auditiva. Hear-it, 2014. Disponível em: https://www.hear-it.org/pt/multiplas-consequencias-de-perda-auditiva. Acesso em: 13 de setembro de 2021.
SHARMA, A; GLICK, H. Cross-Modal Re-Organization in Clinical Populations with Hearing Loss. National Center for Biotechnology Information, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4810174/. Acessado em 13 de setembro de 2021.