O que é memória auditiva?

Muitas crianças têm boas lembranças de eventos ou mesmo de pessoas que conheceram, mas podem ter dificuldades de acionar a memória daquilo que foi dito ou percebido auditivamente. 

Chamamos de memória auditiva (ou ecoica) a capacidade de absorver informações que são apresentadas oralmente (em voz alta), processá-las, retê-las na mente e depois recordá-las. 

A memória é um dos aspectos mais marcantes dos seres humanos. É por meio dela que conseguimos organizar fatos, pensar em resolução de problemas e seguir adiante. É por meio dela que conseguimos conectar experiências com nossa história de vida.

A fisiologia do córtex cerebral é organizada de forma hierárquica. Na base, estão as áreas responsáveis pela captação sensorial. Progressivamente, áreas mais superiores suportam funções de capacidade integrativa. De todas as estruturas, o córtex pré-frontal ocupa o lugar mais alto desta hierarquia, sendo responsável por integrar todos os estímulos sensoriais recebidos com as nossas memórias armazenadas, para que possamos tomar decisões a partir das vivências que estão armazenadas e codificadas.

Chamamos de alça fonológica a via por onde chegam as informações auditivas, principalmente estímulos de cunho linguístico, sendo composta pela loja fonológica e pela entrada articulatória.

A loja fonológica mantém a informação recebida por um curto período; no entanto, a entrada articulatória permite a reentrada da informação, mantendo-a ativa por um período maior. É exatamente por este motivo que o aprendizado se torna mais fácil quando estamos lendo em voz alta: dessa forma, esse sistema é ativado.

Os estímulos visuais também são transformados em entrada articulatória: quando lemos um número e precisamos mantê-lo na memória por um tempo maior, precisamos repeti-lo oralmente para que isto aconteça.

Algumas características do estímulo auditivo também interferem no seu armazenamento. Sequências auditivas com sons semelhantes são mais difíceis de serem armazenadas do que de sons diferentes.

Além disso, outros fatores também interferem no armazenamento desta informação. O principal deles é o efeito da atenção: quanto maior o nível de atenção, melhor estas alças são ativadas e fortificadas. Isso explica por que crianças com déficit de atenção também podem ter dificuldades relacionadas ao processamento da informação auditiva. 

Toda e qualquer condição de saúde que prejudique o funcionamento da orelha externa, média ou interna também corroboram para o prejuízo da função da memória auditiva. Questões como otites de repetição, otite média com efusão, adenoidites e quadros alérgicos nasais podem interferir na equalização e na recepção sonora, que consequentemente será codificada de forma deturpada. Esse é um dos motivos pelos quais algumas crianças também podem ter trocas na fala, por exemplo.

Toda informação que entra pela alça fonológica e visuoespacial passam pelo buffer episódico, que se relaciona como um componente multimodal, capaz de unir todas as informações sensoriais e integração de estímulos, e levando à cristalização das nossas memórias em conhecimento.

Para saber como estimular ainda mais essas vias de entrada, e tornar as vivências ainda mais potentes a ponto de se tornarem um conhecimento sólido, aguarde pelo próximo artigo!

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