Como o nome nos faz pensar, “meningite” é a inflamação nas meninges e no líquido que existe entre elas. Pode ter origem por bactérias ou vírus.
Felizmente, os casos de meningite causadas pelas bactérias mais comuns (Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis), tiveram uma grande queda. Na década de 1990, o número de casos de meningite bacteriana comunitária caiu cerca de 55%, principalmente por conta da introdução da vacinação de rotina das crianças com as vacinas anti-Haemophilus influenzae. A incidência de meningite por esse tipo de bactéria foi reduzida em 94%. Com relação ao Pneumococo, tem-se observado também uma redução dessa incidência como resultado do uso da vacina conjugada pneumocócica-heptavalente.
Apesar de ter havido um decréscimo na mortalidade por meningite após a era antibiótica, a meningite continua sendo grande causa de preocupação por sua letalidade e morbidade. Em estudos realizados no Brasil em 2002, foi encontrada mortalidade de 20% a 30% e morbidade de 40% relacionadas à doença.
O tratamento da meningite é clínico com antibiótico de largo espectro e deve ser iniciado o mais precocemente possível.
O QUE A MENINGITE TEM A VER COM A SURDEZ?
Em até 33% dos casos, a surdez neurossensorial adquirida após o nascimento deve-se a complicações de meningite bacteriana.
A surdez neurossensorial permanente ocorre em cerca de 10% dos casos de meningite aguda bacteriana. A surdez resulta do dano por secreção purulenta nos órgãos da audição. No curso de uma meningite, a surdez costuma aparecer precocemente, mas pode ocorrer em qualquer fase da doença. Nos casos em que a perda auditiva inicial é parcial, pode ocorrer melhora em alguns pacientes.
Atualmente está bem estabelecido que a associação de corticóides em altas doses no tratamento, reduz a incidência de surdez em crianças e adultos, especialmente quando introduzido precocemente. Principalmente se o agente for o H. influenzae.
QUAIS OS PONTOS IMPORTANTES PARA O IMPLANTE COCLEAR APÓS MENINGITE?
Muitos pacientes com surdez vão precisar do IMPLANTE COCLEAR para reabilitar sua audição após uma meningite. Nestes casos o procedimento deve ser realizado o quanto antes, já que uma meningite pode levar a uma ossificação da cóclea, a temida LABIRINTITE OSSIFICANTE. Em outras palavras, uma cóclea ossificada não tem mais o “canal” (rampa timpânica) pelo qual passam os eletrodos do implante coclear e a cirurgia pode não ser mais possível.
COMO SE PROTEGER DA MENINGITE?
As sequelas provocadas pelas meningites são graves e incluem: déficits intelectuais, alterações de memória, convulsões, tonturas e perda auditiva de diversos graus (até surdez profunda). Daí a grande importância do diagnóstico e tratamento precoces. Mais importante ainda é a prevenção! Se você não vacinou seu filho contra a Meningite ou tem dúvidas, procure o posto de saúde mais próximo e o proteja desta doença de alta mortalidade e que pode levar à surdez!

FONTES
PIGNATARI, Shirley Shizue Nagata (Org.); ANSELMO-LIMA, Wilma Terezinha (Org.). Tratado de otorrinolaringologia. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
Berezin EN, Carvalho LH, Lopes CR. Meningite pneumocócica na infância: características clínicas, sorotipos mais prevalentes e prognóstico. J. Pediatr., 2002; 78(1):19-23.
Radiopaedia – https://radiopaedia.org/cases/labyrinthitis-ossificans-12