Diferenças entre o Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) e Implante Coclear (IC)?

A perda auditiva pode trazer inúmeras consequências negativas para a qualidade de vida, uma vez que os indivíduos, pelas dificuldades de comunicação  enfrentadas, acabam por isolar-se do convívio familiar e social. E se essa perda  auditiva apresentar em um período mais precoce, como nas crianças, ela pode  interferir em todo o desenvolvimento de linguagem, da comunicação e  aprendizagem. O uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) ou o  Implante Coclear (IC) podem ser uma alternativa para esses casos, e a adequada  indicação de cada um desses recursos é de extrema importância. Para tanto, é  relevante conhecer quais são as diferenças entre esses dois recursos. 

Para entendermos as diferenças entre esses dois recursos é importante  sabermos como funciona nosso sistema auditivo.

Sistema Auditivo

Imagem 1: imagem da orelha externa, média e  interna.

Quando o som chega ao pavilhão auricular as ondas sonoras são conduzidas pelo canal auditivo externo até à membrana timpânica (o pavilhão auricular e o canal auditivo externo constituem nossa orelha externa). Na orelha média, que é constituída pela membrana timpânica e uma cadeia de ossículos (martelo, bigorna  e estribo), ligados entre si, recebe as ondas sonoras provenientes do ouvido externo que atingem a membrana timpânica,  fazendo-a vibrar, este movimento vibratório propaga-se aos ossículos, sendo  posteriormente transmitido à orelha interna. Na parte anterior da orelha interna  encontra-se a cóclea, responsável pela função auditiva, células ciliadas e sensíveis  convertem esses estímulos mecânicos em potenciais de ação (impulsos nervosos) que serão transportados pelo nervo auditivo para o cérebro, onde o som será ouvido  e reconhecido.

Como funciona o AASI?

Imagem 2: AASI retroauricular

Quando ocorre alguma “alteração” nesse caminho do som, acontece a perda  auditiva, e é nesse momento que o AASI ou IC irão atuar. No caso das perdas  auditivas neurossensoriais, a mais comum das perdas auditivas, ocorre lesões nas  células ciliadas que ficam dentro da cóclea, reduzindo assim, a eficiência na  transmissão dos sons. Isso leva a uma menor percepção da qualidade e da  intensidade do som, resultando em uma deficiência para ouvir e entender a fala e  os sons do cotidiano.

O AASI irá atuar na amplificação dos sons, utilizando as células ciliadas remanescentes da cóclea, permitindo que o usuário tenha a percepção sonora. 

Os principais componentes do AASI são: o Microfone, responsável pela transformação da onda sonora em energia elétrica; o Amplificador, após a captação da onda sonora em sinal elétrico, esse estímulo deve ser aumentado, e esse é a função do amplificador; o Receptor,  que transforma os sinais amplificados em ondas sonoras novamente; os Moldes ou Olivas, que tem a função de orientar o estímulo sonoro  para o meato acústico externo e evitar a dissipação de energia sonora.

Como funciona o Implante Coclear?

Imagem 3: Implante Coclear

E quando os AASIs não fornecem o resultado esperado? Em alguns casos,  quando a perda auditiva é considerada severa ou profunda, a amplificação  fornecida pelo AASI pode não ser suficiente para o indivíduo ter um bom  reconhecimento dos sons de fala. Nesses casos são indicados os Implantes  Cocleares, que não funcionam amplificando o som e sim, transformando os sons em estímulos elétricos que são enviados diretamente ao nervo auditivo, isso  significa que ele substitui parcialmente as células danificadas da cóclea, esses  estímulos elétricos são enviados para o cérebro, onde são interpretados como som.

O componente externo do IC é usado geralmente atrás do pavilhão auricular e incorpora um ou mais microfones que captam o som ambiente e convertem a informação acústica num sinal analógico. Para além do microfone, o componente externo é ainda composto por um processador que compacta, filtra e codifica o sinal acústico num sinal elétrico capaz de estimular os neurónios do gânglio espiral. Os processadores de som digital atuais utilizam uma conversão de analógico para digital. O sinal processado, que contém padrões temporais e espaciais de estimulação, é  então codificado e enviado através de um transmissor transcutâneo por sinais de  radiofrequência para um receptor de sinal, localizado no componente interno. O  componente interno é implantado cirurgicamente de forma subcutânea atrás do  pavilhão auricular e o receptor de sinal vai acionar a ativação dos elétrodos  intracocleares.

Quais são as diferenças entre o AASI e o Implante Coclear?

A principal diferença entre o AASI e o Implante Coclear é que o AASI irá  atuar na amplificação dos sons, utilizando as células ciliadas remanescentes da  cóclea, permitindo que o usuário tenha a percepção sonora, já o IC, atua  transformando os sons em estímulos elétricos que são enviados diretamente ao  nervo auditivo, substituindo parcialmente as células danificadas da cóclea. 

O conhecimento dos componentes e das características de cada recurso,  assim como as indicações, são essenciais para a adequada indicação, e dessa maneira, o usuário poderá se beneficiar com o dispositivo indicado.

Bibliografia  

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Hainarosie, M., Zainea , V., & Hainarosie, R. (2014). The evolution of cochlear implant  technology and its clinical relevance. 

Ramsden, R. T. (2013). History of cochlear implantation. Cochlear Implants  International, 14(sup4), 3–5. 

Texeira, R. T., Garcez, V. R. C.; Aparelho de Amplificação Sonora Individual:  Componentes e Características Eletroacústicas. Tratado de Audiologia (2012).

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