Os benefícios do uso dos aparelhos auditivos para a melhora da audição já são conhecidos e comprovados por inúmeras pesquisas realizadas durante anos. Para entendermos esses benefícios temos que primeiramente compreender o que acontece nas nossas vias auditivas quando não temos a estimulação auditiva adequada.
Nos últimos anos estão surgindo novos estudos mostrando que o uso de aparelhos auditivos, implantes cocleares, próteses osteoancoradas ao osso além de reabilitarem a audição, também promovem melhorias para além da audição.
A relação entre perda de audição e declínio cognitivo, riscos de demências, alterações de memória tem sido vastamente estudada, e dentre as doenças mais comuns que causam as alterações acima citadas temos a Doença de Alzheimer.
Uma das hipóteses mais aceitas é que a privação auditiva periférica pode levar ao isolamento social e posteriormente aos quadros de demência. Outras teorias sugerem mudanças na estrutura cerebral após estimulação auditiva periférica reduzida, ou uma causa comum para ambas as condições.
A Doença de Alzheimer é a segunda forma mais comum de demência na população geral após o comprometimento cognitivo leve, sendo que a identificação dos fatores de riscos é primordial para desacelerar o aparecimento da doença.
O envelhecimento é a causa mais prevalente de perda auditiva neurossensorial. A presença de perda auditiva em idosos é descrita pelo termo “presbiacusia” que normalmente se apresenta como perda auditiva neurossensorial caracterizada por perda nas altas frequências.
A presbiacusia é o segundo problema de saúde mais comum da população idosa e pode se apresentar como um distúrbio auditivo multifatorial caracterizado não apenas pela deficiência auditiva geral, mas também pelo comprometimento do reconhecimento de fala, principalmente em ambientes ruidosos, zumbido e hiperacusia. A capacidade de se comunicar com amigos e familiares depende, principalmente, da capacidade de ouvir e processar o que está sendo falado e os sons ambientais. Quando os indivíduos desenvolvem a perda auditiva, eles são prejudicados em sua capacidade de conversar e esses problemas muitas vezes têm um impacto significativo na vida social, podendo favorecer o aparecimento de depressão, declínio cognitivo e demência.
Sendo assim, a deficiência auditiva está citada como um dos fatores de risco para a doença de Alzheimer e/ou declínios cognitivos.
A memória de trabalho também pode ser afetada pela perda de audição. Uma vez que ela é importante para a compreensão e entendimento do discurso, armazenamento temporário das palavras. Portanto, quando a entrada sensorial está comprometida, no caso a audição, o indivíduo faz um esforço maior para ter uma boa compreensão e ainda precisa de mais pistas auditivas, causando uma sobrecarga em outras áreas. Ou seja, se não temos os sons entrando corretamente nas nossas vias auditivas, perdemos a capacidade de armazenamento.
Para evitar o aparecimento dos quadros acima citados, o uso dos aparelhos auditivos (e outros dispositivos auditivos) têm sido recomendados em indivíduos com perda auditiva, mesmo que as perdas auditivas sejam leves. A reabilitação precoce é necessária para prevenir ou desacelerar o aparecimento de declínios cognitivos, depressão e alterações de memória.
A relevância da audição para a melhora da saúde de forma mais ampla é tão grande que a Organização Mundial de Saúde em 2021 lançou a campanha “Cuidados Auditivos para todos”, recomendando que toda a população faça um acompanhamento audiológico uma vez ao ano, a fim de evitar problemas maiores.
Ainda são necessários muitos estudos relacionando a perda auditiva a alterações de memória, declínios cognitivos, depressão e demências. Mas já é possível afirmar que o uso de aparelhos auditivos é extrema importância para a melhora da saúde auditiva e saúde geral.
