Tipos de exames que detectam a perda auditiva

Há mais de 400 anos foi descrito o uso do diapasão para avaliação da audição. O diapasão é um instrumento feito de aço, alumínio ou magnésio, em forma de “Y” que quando percutido, produz um harmônico do som fundamental, que rapidamente se extingue, de forma que o som torna-se de frequência simples. Este é uma ferramenta simples e rápida de detecção de perdas auditivas. Geralmente, usa-se os de 512 e 1024 Hz. Por meio desses, os testes mais utilizados são: WERBER e RINNE. 

No teste de WEBER, o pé do diapasão é colocado na linha média do crânio do paciente. Este é mais sensível para perdas condutivas, lateralizando o som para o lado da perda auditiva. Apesar de não ser tão sensível para perdas neurossensoriais, ele lateraliza para o lado normal.

No teste de Rinne, se compara a via aérea e a óssea. Inicialmente o diapasão é colocado na mastóide do paciente e depois na frente do pavilhão auricular. O indivíduo que escuta normal ou com perda auditiva neurossensorial escuta melhor pela via aérea do que pela via óssea, é o Rïnne positivo. Já nas perdas condutivas esta relação se inverte e há uma melhora da escuta na via óssea, sendo portanto um Rinne negativo.

A audiometria é um exame subjetivo da audição, ou seja, depende da resposta do paciente. Este tem a finalidade de mensurar a intensidade mínima de audição. Os limiares serão anotados em um gráfico, em que a ordenada é a medida da intensidade mínima de audição em dB NA e a abscissa representa as frequências em Hz. Adultos e crianças podem ser submetidos ao teste, porém crianças com menos de 5 anos, deve ser utilizada uma abordagem mais lúdica, que chamamos de audiometria infantil condicionada, e o mesmo gráfico é utilizado . Por meio da audiometria é possível saber o grau e o tipo da perda auditiva de um indivíduo.

A classificação do grau da perda auditiva varia de acordo com a literatura. Alguns autores classificam a perda auditiva com base nos limiares auditivos para as frequências 500, 1.000 e 2.000 Hz, enquanto outros tomam por base as frequências de 500, 1.000, 2.000 e 4.000 Hz. A escolha da classificação, com base na literatura,  fica a critério do profissional, o importante é que esteja  especificado qual a classificação utilizada.

A audiometria pode ser dividida em tonal e vocal. Essa primeira, realizada  em via aérea e óssea. A Audiometria tonal por via aérea é realizada por meio de fones de ouvido em cabine acústica. Já por via óssea, o sinal é apresentado pelo vibrador ósseo colocado em uma das mastoides. Depois dos limiares auditivos serem mensurados, podemos classificar os tipos de perda auditiva em: condutiva, neurossensorial ou mista.

Na audiometria vocal, tem como objetivo, avaliar o reconhecimento da fala. A avaliação básica geralmente inclui o limiar de reconhecimento da fala e o índice percentual de reconhecimento da fala. O primeiro é definido como a menor intensidade em que o paciente consegue repetir 50% das palavras. Já o segundo mede a capacidade do paciente repetir palavras monossílabas ou dissílabas, quando necessário.

A imitanciometria não é um teste que avalia diretamente a audição, mas sim a condição da orelha média, que deve estar íntegra para que o som possa chegar na cóclea. Além dela, pode ser realizada a pesquisa do reflexo estapediano, que pode estar alterado em algumas doenças da orelha ou tipos de perda auditiva.

Os testes de emissões otoacústicas oferecem dados importantes sobre a presença e função das células ciliadas externas da cóclea. As Emissões Otoacústicas evocadas transientes são sons evocados da cóclea, que ocorrem em resposta a um estímulo sonoro breve, geralmente o click. Estão presentes em indivíduos normais. O tipo de emissão otoacústica chamado de produto de distorção ocorre quando a cóclea normal recebe dois tons puros de frequências diferentes simultaneamente e responde com suas características não lineares, inter-modulando os estímulos. Este tem a capacidade de mapear a função das células ciliadas externas da cóclea, podendo dar a tonotopia da lesão. A presença das emissões otoacústicas depende da integridade da orelha média para que a energia sonora produzida pela cóclea chegue à sonda disposta no canal auditivo. Para realizar o teste é importante um ambiente silencioso e com o paciente relaxado.

O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, é um exame objetivo que permite por meio da atividade eletrofisiológica do sistema auditivo avaliar a integridade da via auditiva desde o nervo auditivo até o tronco encefálico. Na prática clínica avalia-se cinco ondas, sendo que a onda I corresponde a parte terminal nervo auditivo, a II sua parte proximal, onda III corresponde os núcleos cocleares, onda IV e V correspondem o leminisco lateral, superior ipsi e contralateral.   O limiar eletrofisiológico é o menor valor de intensidade de estímulo em que se observa a formação de onda V.  Este ao clique costuma ser semelhante aos obtidos na audiometria tonal via aérea nas frequências de 2000 e 4000 Hz. Se queremos avaliar as frequências graves ou outras mais específicas, pode-se utilizar o tone burst de 500 Hz a 4000Hz. O limiar eletrofisiológico também pode ser realizado por meio da eletrococleografia, porém está cada dia mais em desuso. É importante salientar que estes exames quando realizados em crianças, adultos com deficiências ou dificuldade de relaxamento deve ser utilizado a sedação. Podendo ser realizado no sono natural, pois não depende da participação do paciente. 

O P300 é um potencial de longa latência, também conhecido como Potencial Cognitivo que é gerado quando ocorre a percepção ou seja o reconhecimento de um determinado estímulo sonoro. Para sua realização é importante que o paciente esteja em estado de alerta. Este é muito utilizado quando há alterações de processamento central, lesões cerebrais localizadas no lobo temporal e dificuldade de aprendizagem.  

Como podemos observar existem diversos testes que detectam alterações  desde testes mais rudimentares a outros mais sofisticados. O mais importante é que as alterações sejam diagnosticadas o quanto antes e tratadas o mais breve possível.

Referências: 

1- Enciclopédia Barsa: 150, 1966. (Encyclopaedia Britannica Editora Ltda).

2- Campana DR, Freire LAS.  Diapasão – Um Velho Método, Um Enfoque Atual. 3 ed, BJORL, 1994

3- Caovilla HH, Ganança MM, Munhoz MSL e etc. Audiologia Clínica. Vol 2, Atheneu, 2004

4- Souza LCA, Piza MRT, Alvarenga KF, Cóser PL. Eletrofisiologia da Audição e Emissões Otoacústicas. Novo Conceito/Saúde, 2008

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