Toda gestação é repleta de expectativas. Será que vai ser menino ou menina? Vai ser parecido comigo? Terá meus olhos? O nariz do pai? Vai nascer com saúde?
Após o parto são realizados diversos exames para saber das condições de saúde da criança, entre eles as EOA (emissões otoacústicas) que é popularmente conhecido como teste da orelhinha. O resultado positivo deste teste é forte indício de que a audição da criança é normal. Caso as EOA estejam ausentes é necessário retestar após prazo estabelecido pelos profissionais e em caso de nova falha, deve-se confirmar o resultado com outros testes como o BERA.
Após a realização de todos os exames podemos ter um diagnóstico confirmando que a criança é surda e então começamos a intervir para que a criança não tenha prejuízos no seu desenvolvimento. Quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção forem realizados menos prejuízos em questões de linguagem, cognitivas, psicossociais a criança terá. Há muitas possibilidades de intervenção, que deve ser avaliada por um fonoaudiólogo e discutida com a família (Implante Coclear, Aparelho de Amplificação Sonora Individual, LIBRAS).
Na grande maioria dos casos, após o diagnóstico de perda auditiva é feito o teste do Aparelho de Amplificação Sonora Individual – AASI para saber se com esse recurso a criança conseguirá fazer parte do mundo ouvinte. Em alguns casos quando o AASI não ajuda completamente a criança ou quando é desejo da família pode ser incluída a Língua de Sinais como forma de comunicação. Desta forma, sendo a LIBRAS pautada no sistema visual, será de fácil acesso para a aprendizagem e em geral ela é aprendida antes da língua portuguesa, No entanto, vale lembrar que esta abordagem é Bilíngue, com acesso tanto a LIBRAS quanto ao Português.
Quando o AASI não supre as necessidades auditivas da criança é feita uma avaliação com equipe multiprofissional para verificar se ela é candidata a cirurgia do implante coclear (IC). Algumas crianças com o IC conseguem desenvolver adequadamente a audição e se comunicar pela língua portuguesa, outras necessitam ou é escolhido pela família a LIBRAS como complemento.
O mais importante no momento do diagnóstico é a família se conscientizar que a criança terá as mesmas possibilidades que uma criança ouvinte. Quanto mais próximos estiverem dos profissionais de saúde (otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicólogos), mais fácil será a aceitação deste momento.

Referências Bibliográficas
GATTAZ G; PIALARISSI P.R. – Emissões Otoacústicas: Conceitos básicos e aplicações clínicas International Archives of Otorhinolaryngology Ano 1997 Vol 1 Num 2 Abr/Jun
BOYES BRAEM P. Acquisition of handshape in American sign language: A preliminary analysis. In V Volterra, CJ Erting (Eds.), From Gesture to language in hearing and deaf children (pg. 107-127). Washington, DC: Gallaudet University Press: 2002
DIZEU LCTB, CAPORALI SA. A língua se sinais constituindo o surdo como sujeito. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n.91, p. 583-597, Maio/Ago. 2005. http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a14v2691.pdf
ERTING CJ, PREZIOSO C, O’GRAGY HYNES M. The interactional context of deaf mother-infant communication. In V Volterra; CJ Erting (Eds.), From Gesture to language in hearing and deaf children (pg. 97-106). Washington, DC: Gallaudet University Press:2002
FERNANDES S; MOREIRA LC – Políticas de educação bilíngue para surdos: o contexto brasileiro- Bilingual education policies for the deaf: the brazilian context – Dossiê – Educação Bilíngue para Surdos: Política e Práticas • Educ. rev. (spe-2) • 2014 https://doi.org/10.1590/0104-4060.37014
MOURA MC; BEGROW DDV; CHAVES ADDC; AZONI CAS – Fonoaudiologia, língua de sinais e bilinguismo para surdos- Editorial • CoDAS 33 (1) • 2021 • https://doi.org/10.1590/2317-1782/20202020248 TEFILI D; FRANÇOIS G; BARRAULT G; FERREIRA AA; CORDIOLI JA; LETTNIN DV – Implantes cocleares: aspectos tecnológicos e papel socioeconômico – Cochlear implants: technological aspects and socioeconomic role Artigo de Revisão • Rev. Bras. Eng. Bioméd. 29 (4) • Dez 2013 • https://doi.org/10.4322/rbeb.2013.039