Weber audiométrico, o que é?

A forma de testagem da acuidade auditiva humana, bem como o entendimento da fisiologia, passou por diversas formas de testagem até chegarmos ao que conhecemos hoje: do avanço da tecnologia dos audiômetros nos garantindo a audiometria tonal limiar como padrão ouro até os softwares que permitem a captação de potenciais auditivos complexos. No entanto,  começamos  nos testes acumétricos, ou seja,  testes instrumentalizados realizados por meio do uso do diapasão, que podem ser usados até os dias de hoje no auxílio da determinação de diagnósticos audiológicos, mesclando simplicidade e necessidade de acurácia por parte do avaliador para sua correta aplicação.

É claro que, nos dias de hoje, pelos consultórios de audiologistas e otorrinolaringologistas, vai ser um pouco difícil encontrar o diapasão, já que ele pode ser substituído pelo vibrador ósseo (acoplado ao arco ósseo para testagem dos limiares de via óssea) com os mesmos princípios e objetivos dos testes acumétricos. Desta forma, diante a nova tecnologia, nossa atenção se volta para um teste em específico cujo nome você já leu no título do artigo: o weber audiométrico. A seguir, um detalhamento do teste.

O Weber audiométrico tem como aplicabilidade a diferenciação entre a perda auditiva encontrada quanto ao tipo, ou seja, se sensorioneural ou condutiva, tendo uma melhor aplicabilidade nas perdas condutivas1. O profissional irá constatar a necessidade do uso do Weber audiométrico quando forem encontradas assimetrias importantes entre as orelhas que, por sua vez, ocasionam a dificuldade de determinação do mascaramento e que podem gerar um falso gap aéreo-ósseo, que por fim dificulta a aplicação do mascaramento. Tais complexidades2 em uma testagem podem resultar na determinação incorreta do tipo de perda auditiva, e consequentemente a um erro grave na prática audiológica.

 A testagem2 ocorre por meio do posicionamento do vibrador ósseo na linha média da testa do paciente. Em seguida apresenta-se um tom puro, podendo ser nas frequências de 250Hz a 4KHz na intensidade de 20dB acima do limiar obtido por meio da testagem das frequências referidas. Trata-se de um teste subjetivo, assim como a audiometria tonal liminar, que também requer a resposta do paciente. No caso do Weber, o paciente testado é orientado a sinalizar ‘’de onde o som vem mais alto’’, sendo três respostas aplicáveis ao teste: da orelha direita, da orelha esquerda ou do meio da cabeça, indicando assim a lateralização do Weber.

 A partir das respostas do paciente, obtém-se os seguintes resultados: em casos condutivos, a orelha indicada pelo paciente trata-se da pior orelha, ou seja, o Weber lateraliza para onde há presença de algum componente que prejudique a condução do som ou ainda onde há a presença do maior gap. Já em casos sensorioneurais bilaterais, o Weber lateraliza para a melhor via óssea1. A anotação dos resultados deve ser feita indicando para qual lado houve a lateralização, ou casos em que a lateralização foi indiferente (no meio da cabeça), em relação à frequência testada. É importante a realização do Weber audiométrico no mesmo dia da audiometria tonal liminar: o Weber por si só não é eficaz na determinação de diagnósticos. Sabe-se ainda que o cenário ideal para obtenção de diagnósticos audiológicos segue o princípio do cross-check, mesmo sendo a audiometria tonal limiar o padrão outro da avaliação audiológica básica, no qual compara-se os resultados dos diversos testes de avaliação audiológica.

Percebe-se, após o detalhamento do teste, que o Weber trata-se de um procedimento de fácil aplicabilidade no dia a dia da clínica audiológica de modo a  obter-se limiares fidedignos à acuidade auditiva do paciente, direcionando as melhores condutas para as perdas auditivas encontradas, tanto por parte do fonoaudiólogo quanto por parte do médico otorrinolaringologista. O teste Weber também pode ser um aliado na clínica da Audiologia Ocupacional em casos de pacientes simuladores de perdas auditivas cujos audiogramas são difíceis de serem interpretados devido às inconsistências de respostas. 

Da velha guarda da Audiologia e seus diapasões, aos dias de hoje com equipamentos modernos, a experiência e conhecimento do audiologista continuam sendo fundamentais para o paciente avaliado e para a precisão dos diagnósticos audiológicos.

Referências Bibliográficas

1 Musiek, Frank E.Perspectivas Atuais em Avaliação Auditiva. Editora Manole, ano 2001. Traduzido para o português brasileiro

2 Siti Nazira Abdullah MD, Mohd Normani Zakaria PhD, Rosdan Salim MMed ORL-HNS, Mohd Khairi Md Daud MMed ORL-HNS, Nik Adilah Nik Othman MMed ORL-HNS, Comparing the diagnostic accuracy of audiometric Weber test and tuning fork Weber test in patients with conductive hearing loss, Laryngoscope: Investigative Otolaryngology, publicação: 27 de janeiro de 2022, acesso 24 de janeiro de 2023

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