Impacto emocional da Perda Auditiva

A Perda Auditiva perde somente para Diabetes e Hipertensão quando se fala em acometimento de saúde. De maneira geral tudo começa com o Zumbido, aquela “cigarrinha que volta e meia aparece principalmente à noite para incomodar”, em seguida surge a dificuldade de compreensão da fala, em que a pessoa escuta, sabe que estão se dirigindo a ela, porém a mensagem chega de forma confusa, exigindo muito mais atenção ou mesmo a necessidade de repetição. Daí por diante a dificuldade só aumenta quando aparecem as dificuldades em perceber sons ambientais, localizar de onde vem o som, necessidade de regular o volume da televisão cada vez mais alto, isolamento por não conseguir acompanhar as conversas nas reuniões de amigos e familiares, dentre muitas outras limitações que são impostas a quem apresenta um desgaste na audição.

O problema que antes tinha como causas básicas como doenças, exposição ao ruído no ambiente de trabalho, acidentes e o processo de envelhecimento tende a se tornar cada vez mais comum, devido ao aumento da expectativa de vida somado ao hábito cada vez mais frequente do uso de fones de ouvido nos equipamentos eletrônicos, entre pessoas de todas as idades, principalmente os mais jovens.

Estudos recentes apontam que a repercussão da perda auditiva na vida de uma pessoa vai muito além da comunicação, uma vez que a via auditiva é responsável pela estimulação cerebral para os processos de atenção, memória e aprendizado. Assim, nos mais jovens podem haver interferências na acadêmica e social. Nos idosos, além dessas, pode também ser um fator agravante para doenças degenerativas como o Alzheimer. Além disso, o sedentarismo e as próprias enfermidades como Hipertensão, Diabetes e Doenças Renais podem levar a piora dos sintomas devido ao impacto do desequilíbrio orgânico causados por esses problemas de saúde.

E quando se observa a vida de quem precisa conviver uma limitação de saúde existe um fator muito importante que infelizmente nem sempre é levado em consideração, o aspecto emocional. Envelhecer não é fácil, aceitar as mudanças e limitações físicas, de saúde e a perda da autonomia diante da família e da sociedade, causa sofrimento às pessoas, manifestados pela irritabilidade, angústia, isolamento, choro, ansiedade, depressão e inúmeras outras formas que apesar do desconforto gerado não são priorizadas para amenizar a dor emocional cuja origem começou ainda na infância quando os problemas atuais nem mesmo foram imaginados que poderiam acontecer.

Dentro de todo adulto existe uma “criança” que precisa ser cuidada e protegida e quando isso não acontece trás angústias e medos que levam muitas vezes as pessoas a se sentirem tristes e inadequadas. A origem disso está nas etapas de desenvolvimento na infância. Em cada uma delas o sistema nervoso passou por uma fase de aprendizagem. Então basicamente os nossos neurônios têm memória. Eventos ruins, chamados de traumas de infância, são registrados e volta e meia diante de algumas vivências essas sensações vêm à tona. Por isso ouvimos tanto falar em criança interior ou que sentimento não tem idade ou ainda que dentro de um adulto difícil há uma criança sofrendo. 

Existem, portanto, 5 emoções aprendidas e que podem se manifestar nos bastidores dos problemas de convívio. A primeira delas é a rejeição, aprendida ainda na gestação, quando a criança percebe o mundo a partir dos movimentos do útero e situações de estresse podem levar a essa estrutura a se contrair e se tornar desconfortável para o feto. Para quem sente esse medo é comum não expressar suas necessidades para não incomodar o outro. Trata-se daquela pessoa que sempre foi muito calada e diante de seu problema de saúde apenas se conforma e muitas vezes diz que até prefere ficar isolada.

Uma outra emoção aprendida é a sensação de Abandono, esta acontece do nascimento até por volta dos 2 anos e 6 meses, em que o mundo da criança é a figura materna que pela inexperiência ou contexto de vida podem atender em excesso ou deixar de atender as necessidade de colo do bebê e aí se instala o medo de estar sozinho e desprotegido, pois não tem autonomia para sobreviver. Pessoas com essa característica em geral sofrem muito quando sentem dificuldade na comunicação, chorando facilmente e podendo até se tornar um alvo fácil para a ansiedade e depressão. A terceira dor emocional que pode ser aprendida na infância é a Manipulação, essa acontece por volta dos 2 anos e 6 meses e 3 anos e 6 meses quando a criança amplia suas relações sociais e aprende a negociar atenção e isso pode ser carregado para a vida adulta e ressurgir com uma certa frequência quando a pessoa doente interpreta que os familiares se aproximam com o intuito de receber algo em troca, como uma ajuda financeira por exemplo.

A quarta sensação que pode surgir é a Humilhação, esta foi aprendida por volta dos 3 anos e 6 meses até os 4 anos e 6 meses quando a criança estava na fase do desfralde. Essas pessoas costumam sentir muito, porém raramente expõe o que estão passando, são consideradas tranquilas e fortes, porém diante de uma doença sentem constrangidas por acabarem chamando atenção pela dificuldade que apresentam, se isolam e geralmente choram sozinhas em seu quarto. E a última emoção aprendida diz respeito ao medo da exclusão, esse medo foi descoberto por volta dos 4 anos e 6 meses até os 6 anos quando a criança parece ter alto pique de energia e quer ganhar sempre, inclusive a atenção dos pais e quando isso não acontece ela não se sente boa o suficiente, isso faz com que ela se sinta deixada de lado e até mesmo sinta-se traída, ficando irritada e tentando mostrar que não precisa de ajuda, principalmente diante de uma dificuldade de saúde como a perda auditiva, sendo extremamente resistente a realizar tanto exames quanto tratamento.

Diante de tudo isso, torna-se imprescindível a conscientização de pacientes, familiares e profissionais a respeito da importância do monitoramento e tratamento dos problemas de saúde no sentido de evitar agravo dos sintomas, riscos de acidentes e também a repercussão emocional. A partir do entendimento das necessidades da criança que vive em cada pessoa, abrem-se possibilidades para se possa lidar com os problemas, diminuindo o desgaste emocional e buscando um estilo de vida mais saudável, seja no aspecto físico ou psíquico. 

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